segunda-feira, 8 de setembro de 2014

EM BUSCA DE SOL EM VINHEDOS, DESERTO E OÁSIS

Mar e deserto na Reserva Nacional de Paracas                                                                            (Fotos: Eduardo P. Ferreira)

Quem mora em Lima, mais cedo ou mais tarde, acaba reclamando dos longos meses nublados, do céu cinzento cor panza de burro. De maio a outubro, o sol aparece pouco. Os dias são frios, úmidos, com neblina ou garoa. Chega uma hora em que dá muita vontade de ver céu azul e o jeito é buscar um lugar mais quente e ensolarado, com paisagem bonita.

E não precisa ir muito longe, não. A cerca de 40 quilômetros de Lima estão Cieneguilla, Chosica e Chaclacayo, onde há hotéis, restaurantes campestres, pousadas, clubes para passar o dia ou final de semana. Se está disposto a andar um pouco mais, uma opção é Ica (La Ciudad del Eterno Sol), 300 km ao sul de Lima.

Pesquisando lugar para ficar em Ica, acabei me deparando com o hotel Viñas Queirolo e decidimos ir até lá. O sobrenome Queirolo é conhecido por aqui. É marca de um dos vinhos e piscos peruanos mais vendidos, produzidos pela Bodega Santiago Queirolo. Também dá nome à Antigua Taberna Queirolo, bar tradicional e histórico, no bairro limenho Pueblo Libre.

Para chegar ao hotel, são cerca de três horas e meia pela rodovia Panamericana Sur, tendo sorte de não pegar muito trânsito na saída de Lima. Há ainda trechos de trânsito lento dentro de cidades, em Chincha e Ica. O site do hotel fornece um mapa de como chegar lá, mas é quase inevitável não se perder um pouco nos arredores de Ica.

Vinhedos - Relaciono região de vinhedo à paisagem bucólica. Mas nem sempre é assim. Ica está em região árida, de deserto. Ao redor do hotel, a paisagem é triste, de infraestrutura precária. E qual não é minha surpresa ao ver que o hotel e suas centenas de hectares de vinhedo são totalmente cercados por muros altos. Por motivo de segurança, diz uma funcionária do hotel.

Passados os muros altos, a paisagem é bonita, um oásis. Estrada de chão, cercada de vinhedos e no final do caminho, o hotel – um casarão branco, florido, com charmosa decoração rústica. E o tempo bem gostoso: céu azul e 27°C graus às 2 horas da tarde (cerca de 10° C a mais que Lima). Na região faz calor e sol durante à tarde, porém manhãs e noites são frias, durante o inverno.


Hotel Viñas Queirolo

Chegamos antes do horário de check-in, mas um funcionário nos conduz gentilmente ao quarto. A diária inclui drinque de boas-vindas, tour pelos vinhedos e ao mirador das vinhas, além de degustação de vinhos e piscos, acompanhados pela sommelier da vinícola. O hotel dispõe de bicicletas para passeio nos vinhedos - no inverno, as videiras estão quase sem folhas e parte delas já foi podada.

Videiras podadas, no vale de Ica, ao pé da Cordilheira dos Andes 


No inverno, vinhedo está com folhas secas 

Ânforas de barro, conhecidas como tinajas, outrora usadas para armazenar pisco 

Oásis e deserto – Boa escolha passar apenas o fim de semana no Viñas Queirolo. Mas se optar por uma estada maior, há locais próximos para conhecer, como o oásis de Huacachina e Paracas.


Oásis de Huacachina

O oásis, a 17 km do hotel, está cercado de dunas, ideais para passeios de buggy e sandboard. Perto do oásis, há locais para contratar passeio de buggy e alugar pranchas de sandboard. É uma atividade divertida para adultos e crianças.

Mais adiante, cerca de 80 km, está a Reserva Nacional de Paracas - área protegida, considerada Patrimônio da Humanidade, com rico ecossistema, mar, deserto, ilhas, museu e sítios arqueológicos. A partir da baía de Paracas, chega-se de barco às Ilhas Ballestas, famosa pelo Candelabro, figura de grande dimensão (com cerca de 150 m x  50 m), gravada em rocha.  

Pelicano: uma das aves avistadas na Reserva Nacional de Paracas

El Carmen e sapateado - Na volta a Lima, sugiro uma parada na histórica Hacienda San José, em Chincha, para almoçar ou visitar o local. O casarão do século XVII foi restaurado e transformado em hotel. Há restaurante típico, museu, catacumbas, capela, piscina e área verde. A fazenda é Patrimônio Cultural do Peru.

A Hacienda San José está no distrito de El Carmen, conhecido pelos cajoneros, sapateadores e músicos da família Ballumbrosio. Fizemos uma parada rápida na praça central de El Carmen. Vilazinha pacata, com posto de informação turística fechado, numa sexta-feira à tarde.  

Somos cercados por um grupo de meninos. Tio, tia, me dá um dinheiro. Vamos dançar um sapateado para vocês. Concordamos em ver o tal sapateado. Os meninos pisam forte no chão, levantam poeira, batem palma. Com um pouco mais de treino, poderiam até empolgar o turista. Uma sugestão para quem cuida da cultura do pequeno município... 


Varanda do casarão histórico da Hacienda San José

Um dos salões do restaurante da fazenda: opção para dias frios

Praça central de El Carmen

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