Logo que cheguei a Machu Picchu, reparei um ponto brilhante lá em baixo,
no fundo do vale, um telhado de zinco às margens do rio. Perguntei ao guia turístico que
nos acompanhava se alguém morava naquela casinha solitária. Ele respondeu que a
casa era de seu velho avô. Fez uma pausa e acrescentou: pero el río se lo llevó (mas o rio o levou). De imediato pensei que a frase (el río se lo llevó) era uma delicada metáfora para a morte.
Depois de terminar o passeio, voltamos ao mesmo ponto, perguntei
novamente ao guia sobre a casinha de seu avô. Ele me contou histórias de seus
antepassados incas, que eram das montanhas próximas a Machu Picchu. Disse-me também que ele morava na pequena casa junto com seu avô, que tinha cem anos de idade.
Durante uma noite de chuvas
fortes no verão de 2010, um dos mais chuvosos dos últimos anos na região, as
águas do rio subiram e levaram parte da casa e o velhinho que nela dormia. El río se lo llevó.
Mi abuelo desapareció en sus aguas y nunca hemos encontrado a su cuerpo. Él volvió al corazón de Pachamama. (O rio o levou. Meu avô
desapareceu em suas águas e nunca o encontramos. Ele voltou ao coração da
Mãe Terra), contou-me emocionado o guia turístico.
Así es.
Nenhum comentário:
Postar um comentário